“A misericórdia não é contrária à justiça, mas exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar.” Papa Francisco, Misericordiae Vultus

Quando olhamos para as pessoas que figuraram nos dias da Paixão, vemos uma espécie de coletânea de arquétipos da humanidade.

Na escuridão se esgueira Judas, com um ato de deslealdade dificilmente explicável. Depois aparece Pedro, o mais ousado e, no entanto, também o mais mesquinho de todos os discípulos. Ele foi tão afoito em atacar os guardas do Sinédrio, e depois tão covarde, quando negou pertencer ao grupo de Jesus diante das perguntas de uma empregada. Lá estão os sacerdotes do Sinédrio, interrogando e acusando Jesus. Para eles, a Verdade permanecerá inacessível, porque estão por demais enredados em seus preconceitos. Ali também se encontra Pilatos, subordinando a Verdade ao seu carreirismo. Aparecem ainda os “amigos da noite”, José de Arimateia e Nicodemos, que estão interessados em Jesus de modo sincero e apaixonado. Mas eles têm medo de acabarem envolvidos em algum problema, e permanecem em segundo plano. Bem que gostariam de estar do lado da verdade; no entanto, não têm a coragem de assumir as consequências. Porque em um mundo onde a verdade não é “popular”, é uma temeridade ficar com a verdade – tanto naquela época como agora.

Encontramos todos esses tipos de personagens ao longo do caminho que conduz do Getsêmani até o Calvário. Mas, apesar de toda essa desolação e dessa escuridão, encontramos também um raio de luz. Ele se irradia a partir das mulheres, as “mulheres piedosas”. Nelas, a afabilidade pura e generosa supera todo o medo.

O amor confere força à fragilidade humana, e torna inabalável a lealdade nos momentos de temor. E como é comovente, neste sentido, observar Maria, a mãe que, por meio do sofrimento de seu coração imaculado e cheio de aflição, se une de modo prodigioso ao filho, na obra da nossa libertação e da renovação do mundo. Maria permaneceu aos pés da cruz e acolheu a todos nós como filhos que devem ser protegidos de todo e qualquer perigo. Ela é o modelo de todas as mães, também das mães espirituais. Peçamos-lhe que nos ajude nesta Quaresma a procurarmos o perdão e que nós mesmos também saibamos perdoar.

Cardeal Mauro Piacenza
Presidente da ACN

Esta é apenas a matéria de capa do Eco do Amor em referência.

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